quinta-feira, 2 de abril de 2009

De "bus"

Ouvi há alguns dias um comentário que me chamou a atenção e me estimulou a escrever sobre o mesmo. "Por que você anda de ônibus, menina? Você tem carro."


A pessoa se referia ao fato de eu ir todos os dias de ônibus para a Universidade e deixar meu carro na garagem. Essa amiga não teve outra intenção senão a de me incentivar a dirigir.


Faz tempo que tirei a carteira de motorista, porém, não sinto vontade de enfrentar o trânsito pesado da avenida Olegário Maciel, no bairro Industrial. É uma questão de opção.


No primeiro dia considerei uma pequena aventura. Entrei e já "paguei o maior mico", como dizem minhas sobrinhas. O pagamento é na porta da frente. Daí em diante, cada dia há uma novidade. Ônibus cheio em Ubá? Sim, ele vem lotado do Pires da Luz e na volta, próximo à Policlínica, no final da tarde, também.


Porém, quanto tenho aprendido! Donas de casas, trabalhadores, crianças voltando da escola, alunos da Apae, idosos... Trocadores e motoristas já conhecem os usuários, os chamam pelos nomes. Daqui a pouco também vou ficar conhecida nesta linha que pego.


Sempre utilizei o ônibus urbano e intermunicipal. Quando estudava em Juiz de Fora, todos os dias estava lá. Subia e descia para a UFJF. Hoje utilizo mais o Intermunicipal em minhas viagens semanais à Manchester Mineira.


Em minha cidade nunca tive o hábito de andar de ônibus. Aqui os locais são próximos. E também minha família sempre me carregou para baixo e para cima.


Aquela pergunta do início do texto foi acrescentada à outra afirmação de outro colega de trabalho nesta semana. "Aquele ônibus fedia a cheiro de gente". Essa frase me fez refletir sobre o papel do ser humano na sociedade em que ele vive. E também sobre a forma de ver o outro. O estar muito próximo de alguém, muitas vezes, incomoda. Ouvir a outra pessoa chateia. O homem não se vê como um semelhante, um igual. Ou será que o cheiro da gente que está no ônibus é diferente do seu?


É a velha história de que o que importa é o TER E PARECER e não o SER. Se você tem carro novo não pode frequentar certos lugares, não pode ser muito simples e humilde. Caso contrário, não terá seu reconhecimento como alguém capaz de desempenhar certas funções para a qual você é perfeitamente preparada. Porém, tem que parecer alguém mais imponente, digno de respeitabilidade pela forma como se veste ou como chega ao trabalho (de carro, de ônibus, a pé...)


Que país é esse? O SER é infinitamente mais importante do que o TER ou o PARECER TER. Não importa o que temos no bolso, qual a atividade exercemos. Se estamos em cargo de chefia ou se somos subordinados. Isso não nos torna melhores do que ninguém e muito menos com cheiro diferente.


Acorda pessoal! Sou o que quero ser e não vou mudar porque as pessoas pensam que eu deva ser diferente pelo que faço ou pelo que me preparei durante a vida.



Um abraço

Um comentário:

Anônimo disse...

eta Taís Alves, li tudo que vc escreveu, achei muito bacana vc e mesmo uma pessoa maravilhosa, uma jornalista muito competente, muito humilde poderia ser imponente mas nao é, é culta, inteligente, simpática e muito meiga .Tem carro e anda de onibus chega a incomodar os colegas pela sua humildade.parabéns. Agora até foi convidada para fazer parte da academia ubaense de letras. Vc merece abraço.