quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O menino Olinto

Texto publicado no Jornal Diário de Notícias do dia 18 de setembro de 2009.

Nesta semana, ao iniciar o conteúdo de Jornalismo Literário com os alunos de Comunicação Social, pela primeira vez, tive que mencionar a obra do escritor Antonio Olinto utilizando verbos no passado. Todo ano, quando inicio essa parte da matéria, ele aparece como uma das principais referências de autor que soube maravilhosamente bem juntar as duas paixões: o jornalismo e a literatura. Foi estranho para mim. Porém, nada muda com a sua passagem. Seus livros continuarão a ser mencionados no Brasil e no mundo como exemplos.


Passou um filme em minha cabeça. Lembrei-me do ano de 1997 quando Antonio Olinto foi chamado para assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, a de número 8, de Antonio Calado. Eu ainda era estudante de Jornalismo em Juiz de Fora e passava as férias treinando na TV local. Logo que soube da notícia, entrei em contato com o escritor e gravamos uma entrevista por telefone. Eu a guardo com carinho até hoje em fita VHS.


Depois disso, ele veio a Ubá agradecer o carinho da cidade natal e os parabéns que recebeu de seus conterrâneos. Participou de inúmeros eventos no município. Um deles foi o lançamento do livro da sua amiga, escritora e professora Cláudia Condé. Mas antes disso, tive a honra de vê-lo se emocionar no dia da apresentação da dissertação de mestrado da também amiga Cláudia. Ele assistiu atentamente às explicações da autora e no final agradeceu à banca examinadora e aos convidados, dizendo que poucas vezes havia recebido uma homenagem daquelas e que iria guardar para sempre aquele momento. Após o exame, passamos uma tarde agradável a convite de Cláudia. Naquele dia fiquei sabendo um pouco sobre o processo de criação do escritor.

Ele nos contou, de forma bem humorada, que escrevia os seus textos tão conhecidos dos brasileiros e em várias partes do mundo, em sua inseparável máquina de escrever. E que não havia hora para isso acontecer.


Depois daquela conversa, tive vontade de saber um pouco mais sobre a identidade do autor. Suas marcações de mineiridade e a paixão pela cultura e história de seu povo ficaram claras, em sua obra Cinema de Ubá, publicada em 1972. Essa minha curiosidade resultou em um ensaio publicado durante o mestrado: Cultura e identidade em Antonio Olinto.


Um defensor e divulgador da cultura brasileira pelo mundo. Assim podemos definir Antonio Olinto Marques da Rocha. Mineiro da Zona da Mata. Nasceu em Ubá em 1919. Estudou Filosofia, foi professor de Literatura, Latim, Português, Francês, Inglês e História da Civilização, em colégios do rio de Janeiro, até ingressar no jornalismo e ser crítico literário do jornal “O Globo”. Lançou mais de trinta concursos literários ligados a livros, culminando com o lançamento do Prêmio nacional Walmap, considerado o pioneiro dos grandes prêmios literários do país.


Em suas viagens pelo mundo sempre defendeu a cultura brasileira, fazendo conferências em universidades e entidades culturais. Foi adido cultural na Nigéria e na Grã-Bretanha, professor da universidade de Columbia. Na África, escreveu uma trilogia de romances - A Casa da Água, O Rei de Keto e Trono de Vidro.


Uma de suas grandes preocupações sempre foi a preservação dos costumes e crenças do brasileiro. Cinema de Ubá narra a sua própria infância. O cenário é a terra natal e arredores do município, como o distrito de Piau, terra de sua mãe. Olinto fez uma recapitulação da década de 20 em Ubá, entre 1925 e 1926. Mostra um ano na vida da cidade, passando pelas principais festividades da época. Ele deixa evidente a vontade de relembrar o tempo em que a vida no interior de Minas Gerais se limitava a um jeito muito simples de se viver. Época em que a infância era tida como um período “inocente”.


A história começa com um passeio ao circo que acabara de chegar à cidade e que havia sido montado na praça Guido Marlière, em Ubá. A ida ao circo era um presente no dia do aniversário do garoto de seis anos (Olinto), personagem principal. Parte da história se passa nos arredores da praça. Outros momentos que lembram os costumes e a cultura do brasileiro são a tradição da Missa do Galo, o Carnaval e a Semana Santa que também são relembrados na obra.


Ao narrar a sua infância, o escritor traz à tona essa memória. Olinto revivencia sua própria história, ao narrar as lembranças da chegada do trem a Ubá, as partidas de futebol no Campo do Aymorés e a importância que o cinema tinha para uma cidade pequena da década de 20.


Olinto foi um defensor da necessidade de preservação da identidade brasileira. Em sua obra deixou clara a constante busca por um país que valoriza seus costumes, sua cultura. O escritor faz isso desde a sua preocupação em criar bibliotecas para o acesso mais fácil à leitura, até várias de suas obras.


Mesmo quando era adido cultural na Nigéria, Olinto não se esqueceu de sua nação. Lá descobriu a cultura negra no Brasil e a presença brasileira na África. Na Bahia, foi escolhido, juntamente com Jorge Amado, para ser ministro de Xangô.


Viajou o mundo todo. Publicou muitos livros em outros países, em que sua obra também é muito conhecida. Mas o elemento essencialmente brasileiro foi sempre preservado. Em suas palestras por outros continentes ele retratou as riquezas como o Rio de Janeiro, a Bahia e Minas Gerais. Olinto não foi um maquinista de trem, como sonhara quando menino, mas passou a vida viajando: saiu e voltou a Piau e a Ubá. Assim foi Antonio Olinto Marques da Rocha.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Curso Design de Produto da UEMG participa de Semana da Moda em Ubá





Alunos, professores e coordenação de curso Design de Produto da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) participaram da 3ª Semana da Moda ocorrida no período de 31 de agosto a 7 de setembro, em Ubá. O evento foi organizado pela prefeitura, a Aciuba (Associação Comercial e Industrial de Ubá), Adubar (Agência de Desenvolvimento de Ubá e Região) e Sebrae, marcando a volta da Festa das Nações ao calendário do município.


Foram apresentados desfiles, exposições, oficinas de criação e palestras sobre o mundo da moda. Nos primeiros dias aconteceram as palestras “A importância da Gestão da Marca Própria” e “Direcionando Moda para o seu Público Consumidor”, na sede da Aciuba.


No Horto Florestal foram montados 34 estandes de confecções e 13 de fornecedores (máquinas, equipamentos e tecidos). Atendendo a um convite da Associação Comercial e da administração municipal, o curso de Design de Produto montou um estande na festa, onde foram expostos trabalhos dos alunos nas disciplinas dedicadas à moda e acessórios. Professores e alunos se revezaram na atividade de apresentação do curso à comunidade e divulgação do processo seletivo 2009 da UEMG.